sábado, 20 de outubro de 2007

falar de dietas

O excesso de peso vem aumentando entre crianças e adolescentes, e, dentre as condutas
preventivas do excesso ponderal, está o controle da ingestão de açúcares e doces e incentivo ao consumo de ibras. O Índice Glicêmico (IG) refere-se à variação glicêmica após ingestão de alimentos fontes de carboidrato e, hoje, é discutida sua participação no desencadeamento da obesidade. O objetivo do estudo foi avaliar o IG de dietas de escolares com excesso de peso e eutróicos. Investigou-se 125 escolares de um bairro da periferia de Fortaleza, avaliando-os quanto ao estado nutricional (segundo Índice de Massa Corporal) e aplicando-se um questionário de freqüência alimentar. Identiicou-se 14 escolares com excesso de peso e, posteriormente, selecionou-se aleatoriamente 14 escolares eutróicos, pareados por idade e sexo. Todos tiveram suas dietas avaliadas quanto ao IG, considerando-se adequadas as de baixo Índice Glicêmico. O IG médio dos indivíduos foi 62,6 (com excesso de peso) e 58 (eutró-icos). Veriicou-se baixo IG em dietas de 14,3% dos indivíduos com excesso de peso e 28,6% dos eutróicos. Os achados revelaram um IG dietético inadequado (moderado) para ambos os grupos. Entretanto, eutróicos apresentaram IG médio inferior aos com excesso de peso,sugerindo participação deste no excesso ponderal. São necessárias ações de intervenção nutricional, independente do estado nutricional dos envolvidos, incentivando um padrão ali-
mentar de mais baixo IG e proporcionado uma vida mais saudável. Por outro lado, destaca-se a necessidade da continuação de pesquisas envolvendo a temática.






O estado nutricional de crianças e adolescentes tem se modificado nos últimos anos. O perfil nutricional destes jovens passou a apresentar um maior número de indivíduos com excesso de peso e, em grande parte dos casos, este excesso pondera se deve à má alimentação. Estudos têm mostrado que uma criança obeso aos seis anos de idade tem 50% de chances de ser um adulto obeso, enquanto na adolescência as chances são de 70 a 80% . Enquanto, inclusive em nosso país, parte significativa das crianças não tem acesso a uma alimentação que garanta as condições mínimas para o crescimento saudável e normal, tantas outras começam cedo a sofrer com doenças relacionadas ao consumo
de alimentos industrializados hipercalóricos, contendo quantidades excessivas de gorduras, proteínas, açúcares etc .Através da educação nutricional, é possível incentivar as boas práticas alimentares promotoras da saúde de uma população, tornando-a apta a fazer melhores escolhas por meio da aplicação do conhecimento da ciência da nutrição e da relação entre alimentação e saúde. A conduta preventiva dietética global contra as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) enfatiza evitar o excesso de peso, reduzir o sal, gorduras totais e saturadas, alimentos
em conservas e/ou ricos em aditivos, bem como incentivar o consumo maior de ibras na dieta através da ingestão diária de frutas e hortaliças, que também contribuem com nutrientes antioxidantes .Os cuidados relacionados especiicamente aos carboidra-
tos dietéticos consistem na atenção e no controle da ingestão de açúcares e doces, evitando-se, assim, a obesidade, além do incentivo ao consumo de ibras, como citado acima. Um item pouco explorado ainda, também relacionado aos carboidratos
ingeridos, é o Índice Glicêmico (IG), que pode ter importante participação na prevenção e controle das DCNT.O conceito de IG foi inicialmente proposto em 1981
por cientistas liderados pelo Dr. David Jenkins, da Universidade de Toronto, Canadá. Os estudos partiram de evidências sugeridas por trabalhos da época de que as listas
de alimentos equivalentes de carboidratos, utilizadas no manejo dietético de pacientes diabéticos, não reletiam indedignamente o real efeito isiológico dos mesmos, visto que levavam em consideração somente a quantidade de carboidrato disponível dos alimentos. Diante destas observações, Jenkins e seus colaboradores decidiram identiicar o efeito de variados alimentos sobre a glicose sangüínea, a
im de contribuir para um melhor controle glicêmico destes pacientes e reduzir a incidência de complicações em longo prazo. A partir destas observações começaram a surgir os primeiros valores de Índice Glicêmico dos alimentos . Vale ressaltar que pesquisas sobre o tema tiveram início já no final dos anos 1970, quando se começou a discutir malefícios das dietas ricas em glicídios. Até então, as gorduraseram as grandes vilãs da dieta e se percebeu que, ao condená-las, automaticamente se elevavam os carboidratos na dieta, vindo então o questionamento: que tipo de carboidratos utilizar ?

Em 1995, foi publicado no American Journal of Clinical Nutrition, a primeira tabela de Índice Glicêmico. Após revisão desta tabela, em 2002, foi publicada a mais recente tabela de Índice Glicêmico com dados de mais de 750 diferentes tipos de alimentos e suas variantes . Segundo Jenkins et al. , o Índice Glicêmico tem particular relevância nas doenças crônicas ocidentais. Recentemente,tem havido novo despertar para o assunto, sendo discutida a relação entre obesidade e IG. Índice Glicêmico é hoje um instrumento que pode auxiliar o nutricionista e os demais proissionais ligados à área de nutrição na elaboração de dietas, desde que as variáveis envolvidas na metodologia da determinação do IG sejam consideradas, assim como os demais fatores relacionados à digestão e à absorção de carboidratos .O Índice Glicêmico descreve a variação (aumento) ocorrida na glicemia durante as 2 horas subseqüentes à ingestão
de alimentos fontes de carboidrato, comparado à hiperglicemia induzida durante 2 horas após a ingestão de uma carga equivalente (50 g de carboidrato glicêmico) de um carboidrato padrão, que pode ser o pão branco ou a glicose . Carboidratos que são digeridos rapidamente têm índices glicêmicos altos (IG 70), ou seja, as respostas glicêmicas a eles são rápidas e altas. Aqueles que possuem digestão lenta e que ocasionam uma liberação gradual de glicose na corrente sangüínea têm Índice Glicêmico baixo (IG 55) .